A mulher que não sabia esquecer I.

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Heleninha apenas respira. Não vive. Perdida na certeza de sua solidão, admite, pela primeira vez, a possibilidade de esquecer toda a sua vida, de ver cair do céu um homem que arrombasse a sua alma, que desobedecesse às duras regras domésticas que promulgara e que enxugasse as mãos sujas de graxa em suas toalhas sempre alvas e bordadas.
Um homem que a fizesse esquecer a culpa, o amor não amado, o perdão não perdoado, o vestido nunca vestido, a roupa azul royal do cabide, o decote da ordinária, a vida passada, mas sobretudo o seu dom de não esquecer. Alguém que lhe trouxesse a graça de um novo tempo, de um novo caminho. (MELO, Pe. Fábio De. Mulheres cheias de graça, 2015, p.98).


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